Iniciativa da UnB e MDA, por meio do projeto Era leva formação em agroecologia a profissionais de todo o Brasil, promovendo práticas sustentáveis e políticas de assistência técnica adaptadas às necessidades locais. Tem o apoio da Asbraer, Faser e Aba. Mais de mil pessoas se inscreveram

A aula inaugural do “Agroecologia: Bases Conceituais e Metodológicas para Extensão Rural”, nessa quinta-feria, 24 de outubro, marca um passo importante para a qualificação da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. A professora da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (FAV-UnB), e coordenadora do Projeto Extensão Rural e Agroecologia (ERA) destacou que essa iniciativa atende a uma crescente demanda por cursos acessíveis a um público mais amplo de extensionistas, espalhados por diferentes regiões do país. A proposta é não apenas educacional, mas também colaborativa, com a participação de professoras, professores e pesquisadores da UnB, além de convidados especiais, todos empenhados em promover debates e desenvolver uma rede de conhecimento sólida e aplicada.

Ao longo do curso, os participantes terão a oportunidade de compartilhar suas próprias experiências de campo, enriquecendo ainda mais o conteúdo com práticas reais e contextualizadas. Uma das metas é compilar essas práticas e transformá-las em um e-book, que dará visibilidade às experiências de sucesso dos extensionistas e servirá como uma referência para futuras iniciativas. “Desejo a todos um excelente momento de aprendizagem”, destacou a professora, reforçando o compromisso em construir uma comunidade de aprendizado forte e comprometida com o desenvolvimento da agroecologia e a valorização das políticas públicas que visam ao fortalecimento da agricultura familiar.“Agradecemos aos mais de mil inscritos que se juntaram a essa jornada de conhecimento e troca! Vamos juntos fortalecer a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.”, finalizou.

A iniciativa é promovida pela pela Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (FAV-UnB), por meio do Projeto ERA – Extensão Rural e Agroecologia em parceria com o Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (DATER) da Secretaria de Agricultura Familiar e Agroecologia do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (SAF/MDA) e apoio da Associação Brasileira das Entidades de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa Agropecuária e Regularização Fundiária (Asbraer), da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Assistência Técnica, Extensão Rural e da Pesquisa, do Setor Público Agrícola do Brasil (Faser) e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) .

Formação e ampliação do acesso às políticas públicas

Isaac Sassi, Relações Governamentais na Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), reforçou o compromisso da instituição com a construção de políticas públicas voltadas para a extensão rural e assistência técnica na aula inaugural do Agroecologia: Bases Conceituais e Metodológicas para Extensão Rural. Ele destacou o papel da Asbraer, que atua em todos os estados e mais de 5.000 municípios, em levar conhecimento e tecnologia às comunidades rurais e agricultores familiares. “Entendemos a importância de promover inovações tecnológicas, mas também impactar a realidade social de quem trabalha na base produtiva do país, garantindo que as políticas públicas cheguem aos produtores que mais necessitam,” afirmou Sassi. Ele destacou, ainda, a importância de valorizar aqueles que diariamente contribuem para a segurança alimentar do Brasil, colocando o alimento na mesa de milhões de brasileiros.

Marinês Bock, coordenadora de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Faser), abriu sua participação na aula inaugural do curso Agroecologia: Bases Conceituais e Metodológicas para Extensão Rural desejando boas-vindas aos participantes de todas as regiões do país e reforçando a importância da formação extensionista. Ela ressaltou que esse tipo de capacitação é essencial para fortalecer as práticas diárias dos profissionais de extensão rural, bem como implementação de políticas públicas, o que impacta diretamente a qualidade de vida das populações rurais, das águas e das florestas do Brasil. Para Marinês, a agroecologia é uma resposta vital diante dos efeitos cada vez mais intensos das mudanças climáticas, que afetam de forma desigual as comunidades mais vulneráveis, como agricultores familiares e povos tradicionais.

Vânia Pimentel, representante da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), enfatizou a relevância de uma formação abrangente voltada à agroecologia, integrando também o ensino acadêmico nas universidades. Ela explicou que a ABA orienta a educação agroecológica com base em quatro pilares: vida, complexidade, diversidade e transformação. Segundo Pimentel, esses princípios são essenciais para a extensão rural, um processo de educação não formal que precisa considerar as diversidades e especificidades dos territórios e as transformações sociais, políticas e ambientais almejadas. Com isso, a extensão rural agroecológica adota uma abordagem educativa e integradora, respeitando a complexidade e as dinâmicas de cada território.

Além disso, Pimentel destacou que a ABA entende a agroecologia como ciência, prática e movimento, impulsionando transformações no campo através do diálogo com agricultores e da valorização dos saberes locais. Para ela, a extensão rural agroecológica deve seguir fundamentos pedagógicos, promovendo um desenvolvimento sustentável que respeite a biodiversidade, os biomas e os conhecimentos tradicionais. Esse modelo busca não apenas fortalecer a saúde humana e ambiental, mas também apoiar o agroextrativismo e agregar valor aos produtos oriundos dos biomas, reconhecendo e incentivando práticas que, por muito tempo, foram marginalizadas pelo modelo agrícola industrial. Dessa forma, a extensão rural agroecológica contribui para a criação e implementação de políticas públicas que favoreçam uma relação mais harmônica com os ecossistemas e promovam o bem-estar das comunidades rurais.

Wanderley Ziger, Secretário de Agricultura Familiar e Agroecologia (SAF-MDA), agradeceu a colaboração entre o governo federal e o Ministério do Desenvolvimento Agrário, destacando o interesse massivo no curso Agroecologia: Bases Conceituais e Metodológicas para Extensão Rural, que reflete a importância e adesão a essa pauta. Ele trouxe à discussão a orientação do governo Lula em prol da segurança e soberania alimentar e nutricional, reafirmando o compromisso histórico de combate à fome, uma das prioridades centrais dos governos populares. Para Ziger, a contradição do Brasil como grande produtor de alimentos, mas com milhões de cidadãos enfrentando insegurança alimentar, expõe a necessidade de fortalecer uma produção agrícola que garanta alimentos saudáveis e acessíveis para toda a população. Essa reflexão, segundo ele, deve estar no centro das discussões e práticas de extensão rural, especialmente em iniciativas que promovam a universalização do direito à alimentação.

Ziger destacou, ainda, a importância de focar a agricultura familiar e fortalecer políticas voltadas para a produção de alimentos saudáveis, enfatizando o acesso à terra como ponto de partida essencial para o desenvolvimento rural sustentável. Ele apontou a diversidade dos territórios brasileiros e a urgência de políticas públicas que garantam o direito à terra, além de facilitar o acesso a crédito e financiamento, como o Pronaf, em conjunto com assistência técnica qualificada. O secretário ressaltou a necessidade de um modelo de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) que vá além de uma abordagem produtivista e monocultural, promovendo uma visão integradora e adaptada às realidades locais. Ele celebrou também o lançamento recente do Plano Nacional de Produção Orgânica e Agroecológica, reforçando a importância da articulação entre o governo e movimentos sociais para a construção de uma rede de assistência técnica mais inclusiva e eficiente, por meio do Sistema Unificado de ATER (Suater).

Marenilson Batista, diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) da SAF-MDA, destacou o entusiasmo em participar da aula inaugural do curso “Agroecologia: Bases Conceituais e Metodológicas para Extensão Rural”. Batista enfatizou que este curso, que integra os princípios de extensão rural, comunicação baseada no diálogo freiriano e agroecologia, traz uma perspectiva transformadora para a formação dos agentes de assistência técnica. Ele lembrou que o Dater atua em duas frentes essenciais: a assistência técnica direta, realizada em parceria com instituições públicas, privadas e ONGs; e a formação de agentes extensionistas. Para ele, essa capacitação é fundamental na transição para a agroecologia, promovendo um modelo de assistência que alie conhecimento prático e pesquisas que aprimorem metodologias e abordagens conceituais.

Batista também destacou os quatro pilares da atuação do Dater, que se alinham às diretrizes do governo. O primeiro é a produção de alimentos saudáveis, um compromisso do governo para tirar o Brasil do mapa da fome, mas com foco em uma alimentação que respeite a saúde dos consumidores. Em segundo lugar, apontou a necessidade de sistemas produtivos resilientes diante das mudanças climáticas, que têm impactado diversas regiões do país de maneira drástica e imprevisível. O terceiro ponto é o papel da extensão rural na implementação de políticas públicas, visando fortalecer a agricultura familiar. Por fim, Batista ressaltou a importância de sistemas de produção que gerem renda para os agricultores familiares, assegurando não apenas alimentos em qualidade e quantidade, mas também uma sustentabilidade econômica para quem adota práticas agroecológicas.

Informações do curso

Este curso gratuito e online traz uma oportunidade única para os inscritos aprofundarem conhecimentos sobre agroecologia e extensão rural! Se você quiser rever ou se quiser assistir à aula, encontra-se disponível no canal do Youtube do ERA.

O curso será realizado entre os dias 24 de outubro e 12 de dezembro, sempre às quintas-feiras, das 18h30 às 20h30, em uma edição virtual síncrona, ou seja, com participação ao vivo de docentes, gestores públicos e lideranças do movimento agroecológico nacional. Semanalmente, nos reuniremos para uma imersão em diversos temas basilares para quem deseja entrar no mundo da Agroecologia.

Aos inscritos no curso, fiquem atentos a datas das próximas aulas. Certificação: Frequência mínima de 75% e entrega do material de avaliação são requisitos para certificação.

🎙️ Primeira Aula: A introdução abordou o papel da extensão rural e da agroecologia no Brasil (24/10)
🎙️ ️ Segunda Aula : Agroecologia – história e conceitos de como se constrói o campo do conhecimento (31/10)

📆 Datas das Aulas: 24/10, 31/10, 07/11, 14/11, 21/11, 28/11, 05/12 e 14/12
⏰ Horário: Das 18h30 às 20h30
📍 Transmissão ao Vivo pelo canal ERA no YouTube:
🎟️ Presença: Será confirmada via formulário disponibilizado no chat durante as aulas.:Agroecologia – história e conceitos de como se constrói o campo do conhecimento (31/10)

Comunicação ERA

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