Incidir na formação dos extensionistas e ofertar serviços de extensão rural alinhados à agroecologia. Esses são os grandes desafios destacados por Regilane Fernandes, coordenadora do DATER/SAF/MDA, durante o seminário “A Importância da Agroecologia para a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pnater)”. “Nossa maior intenção é construir uma referência sólida para a formação de extensionistas que atuem na agroecologia, articulando as lutas que ela representa”. 

Ressaltou a importância do envolvimento das universidades nessa construção, segundo ela, é fundamental recuperar o tripé ensino-pesquisa-extensão. “Precisamos trazer para dentro das universidades a produção de conhecimento e evidências científicas que possam moldar uma nova forma de assistência técnica e extensão rural”. 

Regiliane, destacou que entre as parcerias  parceiras do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Projeto Extensão Rural Agroecologia (Era/UnB) como símbolo deste trabalho.

Diante do avanço das emergências climáticas, a coordenadora salientou que o país precisa de uma nova preparação técnica, política e metodológica para enfrentar os desafios ambientais. “Com a Amazônia em chamas e outras regiões sofrendo com secas ou inundações, é urgente articular políticas públicas de transição agroecológica”, disse Regilane, enfatizando a necessidade de ações coordenadas.

Outro ponto crucial levantado por Regilane é o papel articulador da extensão rural na transição agroecológica. “A extensão rural precisa ser um elo entre políticas públicas, crédito, acesso a mercados, inovação e pesquisa. Não podemos vê-la como uma ferramenta isolada, mas como um articulador fundamental”, acrescentou.

Além disso, ela ressalta a importância de fortalecer a institucionalidade como mecanismo de combate ao desmonte das estruturas públicas que sustentam a agricultura familiar. Nesse sentido, Regilane também mencionou a criação do DATER na década de 1990 como um marco, lembrando ele que se estabeleceu como um espaço institucional para reivindicar políticas públicas, apesar dos ataques sofridos em anos de governos conservadores.  “A nossa luta  vai encontrando espaço político, institucional e cultural para ir conseguindo romper as estruturas do sistema que vão determinando a vida ou a morte dos modos de vida da agricultura familiar”.  

O seminário foi organizado pela turma de 2024 do PPG-MADER, sob a  coordenada pelo Prof. Mário Ávila e pela Profa. Flaviane Canavesi. O evento foi realizado em 18 de setembro no Auditório Cora Coralina da Faculdade de Planaltina (FUP-UnB), como parte das atividades da disciplina Agroecologia: Processos e Bases Científicas. Com o apoio do Projeto ERA – Extensão Rural e Agroecologia, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (FAV-UnB), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o seminário contou em sua abertura com a apresentação do Cordel do Cerrado, de autoria de Gustavo Dourado.

A abertura do evento contou ainda com participação de Cynthia Bisinoto Evangelista de Oliveira, vice-diretora da Faculdade UnB Planaltina, e de Vânia Costa Pimentel, vice-presidenta da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) na região Centro-Oeste. Vânia destacou a importância da extensão rural no contexto das queimadas e da emergência climática. “A agroecologia é um caminho necessário para essa crise civilizatória que a gente enfrenta. Estamos diante de uma verdadeira sindemia.”

Após a abertura, foi realizada a mesa “Desafios e perspectivas de uma Extensão Agroecológica”, que teve como convidados José Nilton, do Emater/DF, Isabel Cristina Lourenço da Silva, da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), e Regilane Fernandes, da DATER/SAF/MDA

“A questão da formação é de extrema importância no setor de agroecologia. E nós não podemos deixar essa responsabilidade só com o extensionista rural. Ele não vai resolver sozinho. Ainda que em muitos casos ele seja o primeiro, ou mesmo o único, a chegar. Mas é a extensão rural que deve chegar primeiro e estar nos desdobramentos de todo o restante que precisa acontecer”, ressaltou José Nilton, da Emater/DF.

“Este espaço é muito privilegiado, pois ele permite a construção de conhecimento. Esse programa é importante, pois ele tem a característica de trazer conhecimento para as comunidades da agroecologia. Ele não trata o tema como uma linha de pesquisa. O programa tem uma outra perspectiva, o que aumenta sua relevância.”, destacou Isabel Cristina Lourenço da Silva, da Anater.




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